UX, inovação e o tempo das boas experiências por Bruno Roedel

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“Inovação significa criar algo novo.[1] A palavra é derivada do termo latino innovation, e se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores.”

Quem lembra que a 15 anos atrás uma boa experiência digital passava por um abertura animada e cafona feita em flash para a introdução do seu website? Hoje esse tipo de recurso é considerado completamente obstrutivo e inadequado não é verdade?

Baseados nisso começamos a entender o primeira parágrafo desse post quando falamos de inovação. Criar um novo método ou objeto que rompe com padrões anteriores parece algo simples mas não é.

As relações entre conforto e satisfação mudam de acordo com o tempo e o seu contexto e isso muda o tempo todo. Acredito que essa relação neurótica é a mãe de toda e qualquer inovação.

Usando a história da arquitetura e do design como referência podemos ilustrar isso melhor. Até a transição entre o século XIX e o XX não existia um pensamento científico e sistemático para o que entendemos como conforto.

A sociedade tinha acabado de passar pela transição de um modelo de economia agrária para um modelo baseado nas indústrias e nas cidades. Com isso, os espaços de moradia e convivência se tornaram limitados e essa limitação provocou novas questões psicológicas, sanitárias e ambientais.

E o que o design tem a ver com isso?

Bem, os parâmetros que balizavam a percepção sobre o que era necessário formaram novas bases e essas permitiram que hoje tenhamos poltronas confortáveis para sentar.

Que papo de doidão é esse bruno?!

Calma, me deixa explicar melhor.

Pense numa poltrona. Elas são construídas em escala industrial aos milhares. Quando desmontadas cabem numa caixa com 1/3 do seu tamanho, são leves e podem ser montadas facilmente por qualquer um. Tudo isso para podermos sentar.

As condições históricas e ambientais levaram esse objeto a essa nível de sofisticação. Tudo isso em coisa de sei lá…uns 200 anos.

Agora vamos falar sobre os tempos atuais.

Você já ouviram falar em “Ondas de Schumpeter”?

Pois bem, Schumpeter foi um economista que teorizou sobre a relação entre inovação e destruição como as bases de um sistema capitalista estabilizado. Sua teoria mostra como a inovação tecnológica destrói o modelo anterior e ocupa o seu lugar. Ele também discorre sobre a dor decorrente dessa ruptura e sobre a transição até superação da mesma.

O mais interessante de sua teoria é mostrado quando vemos as revoluções tecnológicas ao decorrer da história e sobre como as mesmas começaram a surgir em velocidades que crescem obedecendo quase a uma progressão geométrica.

Schumpeter: inovação, destruição criadora e desenvolvimento – InfoMoney
Veja mais em: https://www.infomoney.com.br/blogs/economia-e-politica/terraco-economico/post/5596922/schumpeter-inovacao-destruicao-criadora-desenvolvimento

Essa evolução nos trouxe aos dias de hoje. Tenho 37 anos, convivi com um mundo não digital e hoje vivo em um mundo 100% digital.

A agressividade com que essa transformação ocorreu colocou nós designers como protagonistas em uma série de mercados onde nunca nos imaginaríamos importantes.

Quer exemplos?

Eu trabalho em um banco.

Minha mãe, tio e padrasto foram bancários a vida inteira. Dedicaram mais de 20 anos a rotinas que hoje já não existem mais. Esses ofícios foram substituídos pela automatização provenientes de avanços tecnológicos. Menos caixas e gerentes, mais homebankings e aplicativos.

A inovação que fechou as portas para eles abriu as portas para mim.

Novas soluções surgirão todos os dias e também surgirão novas dores. Acredito que a inovação estará em como resolvê-las.

Pense bem.

As pessoas hoje no geral trabalham mais.
As cidades são maiores e mais caóticas.
O tempo de todos é mais restrito.

Os produtos e serviços precisam se adequar a esse contexto para sobreviver. Funcionar hoje é apenas um commodity.

Isso em parte explica a explosão das startups em setores como o financeiro ou de transportes e também a visibilidade que os profissionais de UX ganharam.

Hoje mais que nunca ao se propor um produto ou serviço é necessário pensar em fatores humanos.

Pensar em gente e na suas vidas. Nas banalidades e complexidades.

Essa solução é direta, fácil e rápida o suficiente para você usar enquanto está em pé no metrô ao caminho do trabalho?

Eles resolve alguma dor grandes ou recorrentes das pessoas?

Possui um modelo de negócios sustentável?

Gera satisfação para quem usa?

Emociona?

As perguntas para se pensar algo novo são muitas e quase sempre possuem respostas difíceis.

Um profissional de UX que deseja inovar tem que se apaixonar por elas. Elas são a materialização dos problemas que nos propomos a enfrentar e o insumo maior para que consigamos criar algo novo e virtuoso.

Vamos reconhecer que isso da um trabalhão.
Bem, na real é que dá cada vez menos.
Nunca foi tão fácil perguntar as pessoas sobre qualquer coisa e achar os melhores caminhos. Não nos faltam ferramentas para isso.
Muitas vezes nós até nos perdemos nessa variedade.
Temos formulários online ótimos e super fáceis de fazer e aplicar.

Podemos abordar potenciais usuários e fazer testes com protótipos cada vez mais fáceis e baratos de construir (vocês já usaram o Figma?!?!?!).

Também podemos coletar dados de uso de ferramentas de analytics onde os usuários nos mostram muitas coisas sem nem precisar perguntar.

Temos testes A/B que podem progressivamente testar hipóteses que nos levam a pequenas melhorias nos nossos produtos.

Fora a técnica mais eficiente de todas: uma boa conversa.

Escutar nos ajuda a criar empatia. Empatia é um senhor combustível para inovação.

Observar, conversar, propor, testar. refazer…e de novo e de novo e de novo…

Gosto de pensar que o papel de um bom profissional de UX passa por perguntar um “por quê” para tudo e se apaixonar pelos problemas dos outros.

Isso aumentará e muito as nossas chances de criar algo realmente inovar, virtuoso e que melhore a vida das pessoas.

Porque no final é isso que importa.

por Bruno Roedel
UX Lead | Santander Brasil
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