A mecânica do feedback

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Olá pessoal, hoje nós compartilhamos um artigo do Rodrigo Lemes que é Design Líder na SIDI – Samsung, boa leitura!


O termo feedback vem da revolução industrial, quando maquinas precisavam demonstrar o retorno de energia que era gerada através de uma ação mecânica, esse ciclo de retorno de energia, é a matriz que cunhou o termo feed back. Anos mais tarde, com o crescimento da industria, foram criados métodos de acompanhamento de desempenho de trabalhadores e com esses dados e índices era possível pensar no desenvolvimento daqueles funcionários e as relações do que eles entregavam como resultado, muito próximo do que conhecemos hoje.

No livro Obrigado pelo Feedback de Sheila Heen e Douglas Stone, eles citam de forma bem ampla o que é feedback:

“é a maneira como passamos a nos conhecer através das nossas próprias experiências e das de outras pessoas – ou seja, a maneira como aprendemos com a vida. É o seu relatório anual de desempenho, o estudo de clima organizacional da empresa, o crítico gastronômico local resenhando o seu restaurante. Mas o feedback inclui também o brilho nos olhos de seu filho assim que ele encontra você na plateia ou o modo como sua amiga disfarçadamente se livra da blusa de lã que você tricotou para ela no instante em que você se distrai. O feedback, portanto, não é apenas uma avaliação: ele é um agradecimento, um comentário, um convite que se retribui ou se descarta”.

Perdemos a noção do tamanho e capacidade de mudanças que o feedback tem ao nosso redor.

Somos dependentes de respostas, de retornos e opiniões. Criamos uma necessidade de coletar essas opiniões sobre o que fazemos e o que somos e como nos relacionamos, precisamos do feedback de nossas ações e emoções. Em nós, há uma tendência em absorver melhor respostas positivas, já as de melhoria ou críticas, muitas vezes são engolidas com certa dificuldade. Por isso, somos colocados na condição constante de aprender a dar feedback da melhor forma possível, para evitar desconfortos ao próximo. Mas aí está o grande erro, temos que parar de falar, precisamos deixar de ser emissores de opiniões, é necessário sermos bons receptores desse fluxo de comunicação. E infelizmente, estamos deixando de aprender em como fazer isso, cada vez mais, estamos deixando de ouvir, de saber olhar, pensar e refletir sobre a necessidade e resposta do outro e acabamos sobrepondo nossa capacidade de exposição de opinião, levando para um amontoado de opiniões soltas sem ninguém para recebe-las, a não ser que seja obrigado, perdendo a capacidade de ter o senso crítico sobre aquilo que recebe.

Auto defesa

Tudo vira uma bola de neve, onde mistura-se uma surdez e o desenvolvimento do Ego descontrolado, que incapacita nosso desenvolvimento de uma forma humana e saudável. Dessa forma, ficamos surdos para não receber respostas, opiniões e negamos a necessidade delas pelo excesso de auto confiança.

No mundo corporativo e claro, especificamente na área de design, somos treinados a nos defender, ter respostas muito bem armadas para o momento certo, evitando ou desviando de respostas que não desejamos. Mas muitos profissionais que sabem desviar das emissões de feedback, tem uma capacidade enorme de emitir suas próprias opiniões e muitas vezes, de forma errada. Líderes de design se vem em posições em que suas capacidades como gestores é altamente avaliada pela forma como eles sabem emitir um feedback e olham para sua responsabilidade baseada apenas nisso. Opinar no que o time entrega, gerindo uma pressão enganosa de que está ajudando seu time a melhorar e aperfeiçoar em entregas de design. O livro ainda cita:

“Aumentar a pressão sobre os colaboradores raramente abre as portas do conhecimento autêntico. O foco não deve estar nos emissores de feedback (…) O foco deve estar nos receptores, em ajudá-los a se tornar aprendizes mais qualificados. Ter impulso significa dominar as técnicas necessárias para conduzir o próprio aprendizado, reconhecer e administrar nossas resistências, saber lidar com as conversas sobre feedback com confiança e curiosidade”.

Todos FALAM sobre feedback

Quando procuramos na internet sobre feedback, achamos listas de sites e escritores que apresentam uma imensidade de opções de como aprender a dar feedback da melhor forma possível, técnicas, dicas, formas de falar com jeito e cuidado em evitar conflitos. São raras as fontes que focam na arte de saber ouvir. E é nesse ponto que o verdadeiro aprendizado em responder como emissor começa, todos deviam focar em ser um bom receptorSheila Heen e Douglas Stone descrevem as vantagens desse primeiro passo citando:

 “As vantagens de receber bem o feedback são claras: nossos relacionamentos evoluem, nossa autoestima torna-se mais fortalecida e, claro, nosso aprendizado aumenta (…) E talvez o mais importante para algumas pessoas seja que, quando ficamos bons em recebê-lo, até os feedbacks mais espinhosos começam a parecer um pouco menos ameaçadores”.

Eu tenho barreiras de receber feedback, assumo, faço pouco esforço em busca-los no dia a dia com o objetivo de amadurecimento constante (porque precisa ser constante). É um exercício que tenho me condicionado, porque culturalmente não fui criado para isso, como profissional de design sempre tive muita autonomia no que realizei e poucas respostas para isso. Mas isso está errado e hoje tenho consciência de que preciso disso para me alinhar e poder desenhar uma carreira consistente e sólida, ainda no livro podemos capturar a seguinte reflexão sobre isso:

“No trabalho, tratar o feedback como algo que deve ser (…) ativamente procurado pode ter um impacto profundo. O comportamento de busca pelo feedback (…) está associado a mais satisfação, maior criatividade, adaptação mais rápida a uma nova organização ou função e rotatividade menor. E a busca por feedback negativo está associada a melhores índices de desempenho.”

Precisamos ser mestres na arte do feedback

Somos designers que lidam com dados e respostas dos usuários constantemente, precisamos saber trabalhar com respostas das mais variadas possíveis e entender muito bem isso. Conseguimos captar essas respostas e transforma-las em melhorias para produtos, isso aperfeiçoa a experiência daquilo que entregamos e faz com que as metas e objetivos possam ser alcançados da melhor forma possível. Essa mesma analogia se encaixa perfeitamente para nós, como profissionais que precisam de dados para poder melhorar e alcançar nossos objetivos, não podemos ignorar e além disso, precisamos saber capturar esses dados e digeri-los.

Isso definitivamente nos leva a pensar no passado, no surgimento do termo feedback, onde esperava-se apenas uma emissão e recepção qualquer de algo mecânico, sem vida, somente um bate e volta para saber que aquilo realmente funcionava. Não podemos ser assim, temos todos os incentivos para reagirmos e deixarmos de construir apenas um processo mecânico sem envolvimento e sem respeito. É nossa missão, como designers, que constantemente criamos e respondemos por experiências humanizadas, saber ouvir sem negativar o que é preciso receber, mesmo que a intenção possa ser não construtiva, nosso filtro de melhoria em olhar o que o emissor tem para nos ensinar de dentro para fora é fundamental para nosso aperfeiçoamento e amadurecimento profissional. Não espere a mudança no emissor, faça a mudança em você como receptor.

Vídeo do meu canal DesignTeam que complementa ao texto citado acima:

 

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Dica de leitura: livro Obrigado pelo Feedback

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